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O Bitcoin é muito poluente?

O Bitcoin é muito poluente?

Antes de ver se é ou não muito poluente, é necessário compreender que consumir energia, nem sempre significa que é necessário produzir mais energia, consequentemente poluindo mais. Podemos consumir energias que existem em abundância, que atualmente estão a ser desperdiçadas, que não são aproveitadas por ninguém.

Vamos imaginar uma árvore que consome 1000 litros de água, com isso produz 1000 maçãs. Mas o agricultor apenas consegue vender 800 maçãs, as outras 200 maçãs vão acabar por apodrecer e vão parar ao lixo.

Não comer as 200 maçãs, não significa que vamos poupar 200 litros de água. A água já foi consumida pela árvore, é indiferente se as maçãs são ou não comidas. É claro que é mais sustentável que todas as maçãs sejam consumidas e também mais lucrativas para os agricultores.

Por esse motivo, a fruta que não é vendida para o consumo direto, o agricultor acaba por vender por preços muito inferiores para a indústria das bebidas, é uma medida totalmente sustentável.

É exatamente isto, que parte da mineração de Bitcoin faz, consome energia que existe por toda a parte, que não é consumida, a chamada energia ociosa ou desperdiçada. A energia ociosa, como as 200 maçãs, não representa mais poluição mas sim mais sustentabilidade. Já que a energia existe, vamos aproveitar para algo útil, em vez de a “jogar para o lixo”.

A energia ociosa está por toda a parte, locais onde existe excesso de produção, locais onde existem muitos recursos naturais, mas não existe consumo.

Estabilidade da rede

O crescimento da energia de origem Eólica e Solar criou um problema de estabilidade nas redes elétricas, devido à sua intermitência.

Quando a energia era essencialmente de origem fóssil, a energia era gerada consoante a necessidade do consumo. De dia colocava-se mais carvão nas caldeiras, à noite/madrugada teria que ser bem menos carvão.

Se de dia é consumido 100, é necessário produzir 101. Se de madrugada for 70, tem que ser produzido 71. Com o carvão era fácil estabilizar a rede elétrica, bastava controlar a quantidade de carvão que se colocava nas caldeiras.

Como as energia de origem Eólica e Solar, a geração de energia está condicionada às condições meteorológicas. Se for um dia com muito vento, o vento não pode ser desligado nem os aerogeradores podem ser desligados. É indiferente se existe ou não consumo, essa energia é gerada.

No caso da energia de origem hídrica, por norma a geração pode ser controlada, excepto quando a barragem(usina) está na capacidade máxima, nesse caso são obrigados a descarregar a água.

No gráfico é notório o descasamento entre a geração e o consumo, a geração foi muito superior ao consumo.

No mesmo dia, o preço da energia chegou a zero, não havia consumidores para tanta energia. Este excedente de energia pode ser utilizado pelos mineradores, é exatamente isto, o que está a acontecer no Texas, EUA. Este excedente que não seria utilizado e como é muito barato é consumido pela indústria do bitcoin. Quando não existe excedente, os mineradores são obrigados, por lei, a desligar as máquinas.

Com o crescimento das renováveis, o papel dos mineradores será cada vez mais essencial. Esta energia não é criada com o objeto da mineração, é um excedente que existe no mercado, logo não aumenta a poluição, é totalmente sustentável.

Novos recursos renováveis

A indústria de mineração está também aproveitando os recursos naturais e renováveis, que não são explorados por questões de viabilidade económica, permitindo ajudar as populações ao seu redor.

Em África ou em locais muito recônditos, as empresas de mineração estão a construir pequenas barragens(usinas) hidroeléctricas em localidades onde existem condições naturais, só que existe pouca população ao seu redor, como os consumos são baixos, esses projetos não são viáveis economicamente. A única alternativa para as populações, era consumir energia com origem não renováveis. Com a mineração, esses projetos tornam-se viáveis economicamente, uma parte da energia gerada é vendida à população e o restante é utilizado para minerar bitcoin. É o chamado Win Win, a população tem uma fonte de energia mais barata e renovável e a empresa de mineração tem lucros que permite financiar a construção das instalações e ter lucros.

Existem países com abundância de energia hídrica como os países nórdicos, Paraguai, Canadá ou o Reino do Butão. O Butão, é um caso curioso, como é um país com pouca população, mas com muita água, que permite ter uma elevada capacidade de produção energética. Mas só uma parte dessa capacidade é consumida, por isso, o governo está a utilizar esse excesso de energia para minerar bitcoin. Também existe o caso de El Salvador, que utiliza a energia termoelétrica, quase inesgotável, dos seus vulcões. Em ambos os casos 100% renováveis, com reduzidas ou nulas emissão de gases com efeito estufa.

Além de não ser poluente, a mineração é um incentivo para o desenvolvimento e para uma maior produção de energias renováveis.

Metano

Outra fonte de energia muito despercebida, é o metano. Todos nós temos aquela imagem dos poços de petróleo, com uma chaminé a queimar gás metano. Devido ao metano ser muito prejudicial para a camada do ozono, é preferível queimá-lo, do que libertá-lo em bruto.

Esta fonte de energia, simplesmente foi queimada durante anos, sem qualquer utilidade. Hoje em dia, a indústria do Bitcoin está aproveitando essa energia desperdiçada, utilizando o calor da queima para gerar energia elétrica e com ela, minerar Bitcoin.

Ou seja, com ou sem mineração, a poluição já existe, a mineração apenas aproveita o recurso, dá utilidade. Este processo não aumenta as emissões, pelo contrário, até reduz as emissões, é carbono negativo, mas isto é um assunto altamente complexo, fica para uma explicação mais tarde.

Estudos indicam que apenas uma parte do gás metano é queimado, devido ao seu custo e à escassa fiscalização, muitas explorações petrolíferas acabam por fraudar, libertando o metano diretamente, sem queimar.

Agora como a atividade é lucrativa, existe um incentivo para fazer o correto, sem fraudes. Isto vai permitir estimar, o valor mais aproximado do metano queimado, até agora esse valor era subestimado.

O metano não existe só na exploração petrolífera, também existe nas instalações de produção agrícola e em aterros de resíduos urbanos.

Conclusão

A indústria de mineração de bitcoin é extremamente exigente, o custo de energia é essencial, por isso procuram pelas energias mais baratas em todo o mundo. Hoje em dia, já não é viável economicamente para as mineradoras, a utilização de energia com origem fóssil.

Agora os mineradores procuram por energias ociosas/excedentes, renováveis e apostam na produção própria.

A ideia de que a mineração de bitcoin é muito poluente, não corresponde à verdade.